domingo, 8 de janeiro de 2012

PROVAS E PERCURSOS DE ORIENTAÇÃO PEDESTRE

 “Embora as competições oficiais sejam todas baseadas no mesmo conceito e regras, existem diversas distâncias oficiais –  Sprint, Média, Longa, Ultra-Longa – onde deverá existir uma variação considerável no equilíbrio entre leitura do mapa, escolha do itinerário e capacidade física” – FPO.




 Uma das razões da grande vitalidade da Orientação é a grande variedade de formatos de provas e percursos que oferece aos seus praticantes: provas oficiais, provas de formação, de divertimento, de promoção, percursos de precisão (para indivíduos portadores de incapacidade física e mental e com extraordinárias possibilidades de transfert para a  iniciação com crianças dos 6 aos 8 anos), “percursos score”, percursos permanentes, …

Pena é que esta diversidade não seja mais utilizada nos treinos, convívios e estágios … pois serviria concerteza para ajudar a “desenjoar” a monotonia das sessões e a desenvolver ainda mais a motivação e a aprendizagem dos praticantes da modalidade …


Defendemos a introdução da maior variedade possível de exercícios, jogos e percursos nos programas de ensino e treino da Orientação. E isto para todos os escalões etários e níveis de aquisição …

Estes exercícios e situações deverão ser introduzidos e adaptados ao longo da formação do orientista, em progressão de dificuldade e complexidade crescentes, nos vários níveis de formação, desde a iniciação à competição, quer para crianças e jovens quer para adultos e veteranos.

Mais, defendemos que o treinador/professor poderá (e deverá) introduzir nos programas de aprendizagem e treino, “técnicas e competências introdutórias” das áreas relacionadas com as actividades de ar-livre, tais como: regras de segurança, primeiros socorros e orientação expedita/utilitária.

Claro que é possível introduzir tais situações sem alterar ou desvirtuar a lógica e a especificidade que caracterizam a Orientação enquanto modalidade desportiva praticada na floresta …

Mais importante é pensarmos que a variedade e riqueza técnico-pedagógica desta diversidade de situações, irá possibilitar aos praticantes, além de uma maior formação integral como indivíduos, a aquisição de um maior controlo gestual e técnico, e, por isso, uma mais ampla disponibilidade motora, contribuindo para uma preparação mais rápida e mais consistente como orientistas de competição.

Do ponto de vista pedagógico-didático, esta variedade de situações irá contribuir, concerteza, para melhorar o empenho e motivação dos praticantes.

Do ponto de vista social e profissional, poderá contribuir, pensamos, para o enriquecimento e desenvolvimento da modalidade.


1. PROVAS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO

O SPRINT

Trata-se de uma prova bastante recente no mundo da Orientação e foi criada com o objetivo de promover a modalidade, tornando a Orientação mais visível e mediática. As suas características são propícias ao espetáculo para atrair os espetadores – disputadas cada vez mais em parques urbanos, estas provas permitem aos espetadores seguir os atletas na quase totalidade do percurso.

Consta de percursos de distância curta (2-3 Km, com cerca de 20 balizas, em mapas com escalas de 1:5.000 ou 1:4.000), praticados em terreno natural pouco arborizado de grande complexidade técnica (spints em floresta), em parques e jardins públicos, campos universitários ou áreas urbanas, sprints mistos (parte em floresta e parte em terreno urbano), exigindo elevada velocidade de progressão e uma concentração total aliada a uma enorme pressão do tempo.

Os percursos urbanos exigem ainda uma grande rapidez de interpretação do mapa com muitas mudanças de direção – obrigam a decisões muito rápidas a velocidade elevada e muita atenção às “armadilhas” montadas pelo traçador de percursos (passagens subterrâneas, becos sem saída, pequenas escadas, …).

Os atletas partem de minuto a minuto e o tempo do vencedor situa-se entre os 12 e os 15 minutos. A cronometragem faz-se ao décimo de segundo e as diferenças entre os atletas são mínimas – os resultados mostram frequentemente 15 a 20 atletas situados no mesmo minuto.


A PROVA DE MÉDIA DISTÂNCIA

Trata-se do formato da prova oficial mais técnica e dura em média 30 a 35 minutos para os melhores. As distâncias variam entre os 4 e os 8 Km em função do desnível e são realizadas em mapas de escala 1:10.000. O terreno é frequentemente muito detalhado – micro-relevo, vegetação tapando a visão, etc. e o traçado dos percursos é feito nas zonas mais exigentes e com muitas mudanças de direção – exigindo grande capacidade de leitura (quase permanente) do mapa.

Enquanto o sprint põe à prova principalmente a capacidade de orientação a grande velocidade em terrenos relativamente mais simples (tornados mais difíceis pela velocidade de execução), esta prova quer-se o mais técnica possível.

Os percursos são rápidos, obrigando o orientista a um ajustamento constante entre a velocidade de progressão, a concentração e a leitura fina do terreno. As escolhas de itinerário são curtas e muito variadas o que torna os mapas ricos em pormenores, exigindo do atleta diferentes tipos de navegação e variações de velocidade.

Para os atletas de nível mundial – e para todos aqueles que se encontrem em boa forma física e psicológica – esta parece ser a prova que “dá mais gozo”, pelos seus permanentes desafios técnicos realizados a uma velocidade elevada desde a partida à chegada, sem se chegar a atingir o esgotamento físico.

Geralmente os orientistas preparam-se para estas provas, tendo em conta:
•    A utilização de mapas com escala 1:10.000 de terreno tecnicamente difícil;
•    A marcação de percursos com muitas balizas e com muitas mudanças de direção;
•    Procuram manter uma concentração intensa e máxima nos primeiros pontos, pois são frequentemente decisivos nas provas;
•    Fazem um aquecimento mais ou menos longo – mais longo do que para as provas de longa distância.


A PROVA DE LONGA DISTÂNCIA

É o formato mais clássico – é a “prova rainha” da Orientação pedestre. Uma das características mais relevantes desta prova é a capacidade de se fazer opções de itinerário e ler o mapa sob pressão física importante, sobretudo na última parte da prova. Resistência e concentração (os erros custam caro …) são, pois, fatores necessários para o êxito, na condição de se escolher o melhor itinerário …

Com distâncias até 15 Km e 10 a 30 balizas para a elite masculina (menos para jovens, damas e veteranos), dura cerca de 70 minutos para a melhor atleta e 90 a 100 minutos para o orientista vencedor. A distância dos percursos permite variar o traçado e os tipos de terreno que atravessam – áreas bastante diversificadas, quer ao nível do relevo quer ao nível da vegetação, bem como da existência de alguns caminhos que possibilitem uma opção mais longa, para evitar zonas técnicas. Assim, estes percursos podem começar em zonas tecnicamente fáceis em que o atleta pode correr à vontade e terminar com pontos de controlo próximos uns dos outros em zonas de vegetação densa e com relevo exigente. É uma prova fisicamente desgastante e contém várias pernadas longas.

A escala mais utilizada é a 1:15.000. No entanto, para os escalões de formação e escalões menos jovens, utiliza-se a escala 1:10.000 – mas por vezes podemos levar os jovens a divertirem-se na escala 1:15000 com o objetivo de trabalharem a noção de distância e as escolhas de itinerário.

Para se preparar para as provas de longa distância o atleta deve ter em conta:
•    A escolha de mapas com características diversificadas, terreno exigente e escala 1:15.000;
•    A utilização de percursos com muitos pontos de controlo, relativamente distantes uns dos outros e com várias opções de escolha;
•    Fazer sessões de treino de mais ou menos 75 minutos de duração;
•    Concentrar-se sobre uma determinada distância – a da prova que está a preparar;
•    Procurar mais a endurance de concentração, tentando permanecer eficaz e lúcido – sobretudo nos últimos 20 minutos do percurso, quando se começa a perder a concentração e a cometer mais erros devido à fadiga – depois de mais de uma hora de esforço.

Na perspetiva do orientista de alta competição Thierry Georgious, o atleta deve optar pela seguinte tática nas provas longas:
•    Tentar economizar-se na primeira parte do percurso, utilizando o mais possível os caminhos; de uma maneira geral tentar não se desviar muito da rota do “traço vermelho”, salvo se há vegetação densa ou grandes desníveis nessa trajetória;
•    Tentar selecionar zonas que assegurem uma progressão rápida e segura e, na zona do ponto de controlo, observar o envolvimento da baliza para encontrar um acesso (ponto de ataque) relativamente simples na sua abordagem para não perder tempo;
•    Na construção dos itinerários, selecionar os elementos do terreno mais evidentes (sobretudo do relevo), mais visíveis, que permitam correr mais depressa sem riscos de errar – procurar informação no horizonte o mais longe possível;
•    Quando o terreno é plano utilizar a bússola e seguir o mais possível a direção do “traço vermelho”, tentando encontrar trajetórias bastante retilíneas, salvo se houver vegetação densa a evitar.


A DISTÂNCIA ULTRA-LONGA

Provas realizadas em mapas de escala 1:15.000, só para indivíduos adultos, bem preparados física e psicologicamente. É aconselhável a realização deste tipo de provas em terrenos montanhosos, de grande exigência física e técnica.


AS ESTAFETAS

Em equipas de 3 orientistas, cada atleta da equipa efetua um dos 3 diferentes percursos. Os primeiros atletas de cada equipa partem simultaneamente – partida em massa. Os dois seguintes partem quando o orientista precedente tiver acabado o seu percurso. No final das três partidas, as equipas terão realizado exatamente os mesmos percursos.

A velocidade de corrida é elevada, os adversários estão frequentemente em contato direto quando têm o mesmo percurso. Os tempos situam-se nos 40 a 45 minutos por percurso. São, em geral, provas espetaculares. O traçado deve ter em conta a necessidade dos espetadores poderem seguir de perto a evolução da competição. É usado um sistema de “junção/separação” nos percursos, para aumentar o número de combinações possíveis, de forma a minimizar as “colas”. A parte final dos vários percursos deve ser idêntica, de forma a aumentar a espetacularidade da prova, já que atletas do mesmo escalão que terminam juntos estão a competir diretamente entre si, sendo vencedor o atleta que passa a linha de chegada em primeiro lugar.


AS PROVAS PARA OS ESCALÕES DE FORMAÇÃO

Sugerimos, para ver informação detalhada sobre os cuidados especiais a ter em conta com as provas destinadas às crianças, a leitura do Caderno Didático nº 2, que pode ser consultado no site da FPO: http://www.fpo.pt/www/images/fpo/OrientacaoEscolas/cadernodidacticon%BAdois.pdf



2. OUTRAS PROVAS (continua)
       Percursos score
       Percursos permanentes
       Provas espetáculo
       Orientação Adaptada
       ...










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