segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ORIENTAÇÃO E CORRIDA-TODO-O-TERRENO (I)


TÉCNICAS DE CORRIDA EM DIFERENTES TIPOS DE TERRENO

Uma das particularidades da Orientação é a corrida todo-o-terreno, quer em áreas de floresta quer em áreas urbanas.
O orientista deve aprender a adaptar de forma correta e eficaz a sua técnica de corrida aos diferentes tipos de terreno, do ponto de vista fisiológico, biomecânico e anatómico.

É pois importante que o treinador avalie em intervalos regulares, de que maneira os jovens atletas correm nos diferentes tipos de terreno, utilizando percursos-teste.

A motricidade do orientista depende do contexto do terreno:

Em terreno plano e limpo, o atleta adopta uma passada económica rasante – estilo corredor de fundo de pista – mas a elevação dos joelhos é maior e a impulsão do pé mais ou menos forte, segundo a qualidade do terreno. Necessidade de trabalhar a passada;

Em terreno com vegetação rasteira, a elevação dos joelhos e a impulsão do pé são ainda maiores;

Em terreno de areia solta, o atleta deve colocar os pés como se tivesse calçado uns skis para a neve – o pé assenta por toda a sua superfície na areia, deixando rasto plano. Em terreno de areia solta a subir, o atleta deve colocar os pés como se tivesse calçado uns skis para a neve, com as pernas ligeiramente fletidas e as pontas dos pés dirigidas para fora (técnica de ski de fundo em subida) – o pé assenta por toda a sua superfície na areia, deixando rasto plano, com a parte interna do pé a pressionar a areia.

A subir, o busto deve permanecer colocado, ligeiramente inclinado para a frente. Impulsão máxima dos pés, pernas e coxas. Aqui estão presentes as noções de força e potência do trem inferior que importa não negligenciar nos treinos;

Nas descidas, a bacia deve estar fixa. O papel equilibrador dos braços é muito importante. A agilidade do atleta nas descidas é essencial. Ter atenção às situações em que o atleta possa exagerar na expressão dessa agilidade e correr riscos, sobretudo em terreno de declive acentuado ou pedregoso e irregular (que pode esconder buracos, pedras, raízes, etc.);

A progressão em vegetação densa não permite padronizar uma técnica de corrida específica nesta situação. Cada atleta adopta uma técnica em função da sua morfologia a fim de ser o mais eficaz possível. O essencial é poder correr o mais depressa possível em posição semi-flectida. Esta posição curvada é na maioria dos casos muito dura de manter durante muito tempo porque é anatómica e fisiologicamente anormal. Necessita de breves bloqueios respiratórios que é necessário aprender a controlar;

A transposição de obstáculos sucessivos, quer utilizando a técnica das barreiras quer pela colocação do pé sobre o obstáculo, necessita de uma coordenação geral do salto: impulsão, transposição, recepção, coordenação braços-pernas, bem como potência dos membros inferiores e da cadeia muscular dos estabilizadores (cintura pélvica). Deve-se pois ter em atenção os exercícios de transposição e o reforço muscular do trem inferior e cintura pélvica;

Para além das características e dificuldades do terreno que obrigam a uma adaptação constante por parte do orientista, os utensílios que ele transporta nas mãos, se bem que sejam leves e pouco embaraçosos, perturbam por momentos o equilíbrio geral da corrida. Com efeito, a leitura do mapa ou as visadas sucessivas com a bússola, vão obrigar o atleta a imobilizar o(s) seu(s) braço(s) durante alguns segundos ao mesmo tempo que mantém a velocidade de corrida. Esta divisão da atenção do orientista justifica o treino de exercícios apropriados.


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Hélder e Emanuel

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