sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

AUTO-AVALIAÇÃO (II)


Na continuação do artigo anterior, vamos agora dar a conhecer aos leitores deste blog o questionário passado aos orientistas mais velhos e com mais experiência, presentes no estágio do COC dos passados dias 19 e 20 de Novembro:
·      11 atletas dos escalões mais competitivos (H/D): E, 21A, 21E, 17, 20);
·      9 “Veteranos” (H): 35, 40, 45, 50.
Não sendo nossa intenção fazer juízos de valor nem tão pouco generalizar conclusões, iremos também referir a breve análise que fizemos às respostas dadas por estes 20 atletas, que nos podem ajudar a perceber o que pensam e como funcionam dentro da floresta alguns orientistas destes escalões. De destacar que nos escalões “veteranos” apenas participaram homens.

AUTO-AVALIAÇÃO
Este questionário tem como objectivo conhecer alguns comportamentos dos atletas com mais experiência numa prova de Orientação.

Lê com muita atenção as questões e responde a todas elas, mesmo que não tenhas bem a certeza.
Coloca uma cruz numa das quatro colunas que achares melhor.

A tua resposta honesta e individual é importante. Não peças ajuda a ninguém, faz de conta que estás numa prova de Orientação e tens de te desenrascar sozinho(a) …


Nome:______________________ Clube:_______________Escalão:________Idade:_____; _____ 


QUESTÕES

SIM
NÃO
(*)
1. Na véspera do dia da prova, respeito sempre o “ritual de preparação do meu equipamento desportivo”, para não me esquecer de nada



2. Na mesma ordem de ideias, sigo sempre o meu “ritual de aquecimento” nos 30 minutos que antecedem o sinal de partida



3. Analiso sempre os percursos que faço, destacando os pontos fracos que terei particularmente de trabalhar para progredir – anoto por escrito 2 ou 3 palavras-chave que terei de ter em conta na prova seguinte, nomeadamente de as ler durante o ritual de aquecimento



4. Evito ter pensamentos negativos antes da partida – como por exº: “que chatice, o Joaquim Sousa parte 2 minutos atrás de mim …”



5. Evito ter relações conflituosas antes da partida



6. De uma maneira geral, estou calmo nos minutos que antecedem a partida



7. Defino antecipadamente por escrito o que quero fazer nos últimos 5 minutos antes da partida – por exº: até chegar à pré-partida: concentro-me na calma e nas palavras-chave que defini; na área da pré-partida: faço a leitura de um mapa modelo, compara-o com o envolvimento, retomo a calma e concentro-me nos procedimentos a seguir até ao primeiro ponto de controlo



8. Quando chega a hora de partir, concentro-me ao máximo



9. Sei exactamente o que fazer para alcançar o primeiro ponto de controlo com êxito – escolher sempre o itinerário e o ponto de ataque mais seguros, mesmo que o caminho seja mais longo



10. À saída do ponto de controlo sei exactamente para onde vou, e dou uma olhadela nessa direcção



11. Antes de deixar o ponto de controlo, já tenho seleccionado o PONTO DE ATAQUE da baliza seguinte e já escolhi o melhor itinerário que me irá levar até lá



12. Raramente saio mal de um ponto de controlo, tendo que fazer um desvio de direcção em relação ao itinerário previsto



13. Geralmente concluo que, pela análise que faço no final da prova, que os itinerários que escolho são os mais adequados para mim



14. Sei simplificar o problema colocado pelo traçador, o que me permite uma velocidade de deslocamento maior durante o itinerário escolhido – para tal selecciono previamente PONTOS DE APOIO ou LINHAS DE PARAGEM próximos do ponto de controlo para os encontrar sem ser preciso recorrer a leituras de precisão do terreno



15. Antecipo sempre os detalhes do terreno que vou encontrar pela frente, através da leitura do mapa



16. Aproveito as porções tecnicamente mais simples do itinerário para reflectir antecipadamente sobre os pontos seguintes, colocando os principais problemas da escolha do itinerário a seguir





QUESTÕES

SIM
NÃO
(*)
17. Sei adaptar o ritmo da corrida às dificuldades do itinerário – regulo a velocidade em função da distância entre os pontos de controlo – mais lenta se as duas balizas estão próximas e mais rápida se estão mais afastadas



18. Quando posso correr facilmente, aproveito para ler o mapa e antecipar – por exº: quando chego a um caminho não acelero nem diminuo consideravelmente o ritmo, pois é o momento ideal para ler o mapa



19. O ataque que eu faço aos pontos de controlo constituem soluções seguras, adequadas ao meu nível técnico



20. Defino sempre Pontos de Ataque para os pontos de controlo



21. Vou sempre ao local dos pontos de ataque que defini, pois é imperativo fazê-lo !



22. Depois de passar pelo ponto de ataque, focalizo a minha atenção na leitura do mapa para ter uma imagem clara do elemento característico do terreno que procuro (o ponto de controlo), bem como do seu envolvimento



23. Depois de passar pelo ponto de ataque, modifico o meu ritmo de corrida, adaptando-o a uma orientação de alta precisão



24. Depois de ter essa imagem clara do ponto e do seu envolvimento, levanto o nariz do mapa para não correr o risco de passar por ele sem o ver e perder minutos preciosos



25. Tenho o cuidado em não procurar a baliza em locais onde ela não pode estar – por exº: procurá-la no meio de vegetação densa quando está posicionada no mapa numa zona branca



26. Tenho cuidado em interpretar bem o mapa (o relevo, a vegetação) – para não confundir símbolos parecidos



27. Sei fazer azimutes de precisão (correndo ou marchando) em terreno plano e limpo



28. Sei fazer azimutes de precisão (correndo ou marchando) quaisquer que sejam as características do terreno e as condições atmosféricas – inclinado, acidentado, floresta densa ou aberta, dentro do nevoeiro, …



29. Sempre que é necessário, sei avaliar distâncias com precisão em qualquer tipo de terreno – plano, a subir, em caminhos, em todo-o-terreno, …



30. À primeira sensação de que estou a cometer um erro, paro e faço o balanço da situação, comparando o terreno que desfila à minha frente com as minhas imagens mentais memorizadas



31. Raramente me deixo influenciar pelas balizas visíveis que não fazem parte do meu percurso




 (*) -  Às vezes/ Mais ou menos.

Breve análise das respostas

Escalões mais competitivos (H/D): E, 21A, 21E, 17, 20) :

·      A grande maioria dos atletas prepara o seu equipamento na véspera, mas no dia da prova nem sempre seguem um ritual de aquecimento nos últimos 30 minutos antes da partida e só às vezes é que analisam os itinerários no final da prova com vista a destacarem os pontos fracos que terão particularmente de trabalhar nos treinos para poderem melhorar a sua performance;

·    Quanto ao estado de espírito antes da partida, a maioria evita ter pensamentos negativos e relações conflituosas e 50% dizem estar calmos. A outra metade diz que só às vezes está calma ;

·    A grande maioria não define por escrito o que vai fazer nos últimos 5 minutos antes da partida mas concentra-se ao máximo quando chega a hora de partir;

·         As opiniões dividem-se quanto à pergunta 9 :  50% dos atletas sabe exactamente o que vai fazer para alcançar com êxito o primeiro ponto de controlo e 50% sabe-o mais ou menos;

·        Já quanto às duas questões seguintes, a maioria dos atletas diz saber exactamente por onde ir quando sai dos pontos de controlo, não tendo por isso que perder tempo a corrigir desvios de direcção em relação ao itinerário escolhido. No entanto, nem sempre seleccionam o ponto de ataque e o melhor itinerário a seguir até ao próximo ponto de controlo, mas quando o fazem, e quando no final da prova analisam o percurso realizado, geralmente concluem que foi o mais acertado;

·    Quanto à pergunta 14, as opiniões dividem-se uma vez mais: metade dos atletas sabe simplificar o problema colocado pelo traçador de percursos, o que permite fazer as provas mais rápido e a outra metade só o consegue fazer às vezes. Há também dois atletas que não perceberam o teor desta questão;

·      Quanto à antecipação do que vão encontrar pela frente através da leitura do mapa, a maioria fá-lo às vezes e os outros fazem-no sempre. Apenas um atleta nunca antecipa o caminho que escolhe;

·         A grande maioria aproveita as porções do terreno tecnicamente mais simples para ler o mapa e reflectir com antecipação sobre os problemas que irão encontrar nos pontos seguintes. Há um atleta que diz não compreender esta pergunta;

·         A grande maioria dos atletas sabe adaptar o ritmo de corrida às dificuldades dos percursos, em função da distância entre os pontos de controlo;

·         A grande maioria diz que os pontos de ataque que seleccionam constituem as melhores e as mais adaptadas soluções tendo em conta o seu nível técnico. No entanto, menos de metade dos atletas diz definir sempre os pontos de ataque às balizas. Os restantes atletas nem sempre o fazem e apenas um atleta passa sempre pelo ponto de ataque seleccionado (a esmagadora maioria fá-lo às vezes ou nunca o faz);

·      Quando passam pelos pontos de ataque, a grande maioria dos atletas focaliza a sua atenção na leitura do mapa para poder ter uma imagem mental clara do elemento característico e do envolvimento onde está colocada a baliza e levanta a cabeça para observar o envolvimento, reduzindo assim a possibilidade de passar pelo ponto de controlo sem o ver. No entanto, só metade dos atletas adapta a sua corrida a uma orientação de alta precisão;

·     Apenas um atleta diz não ter o cuidado de interpretar o mapa com a devida atenção, a fim de evitar não confundir símbolos parecidos que os passam levar ao erro;

·        A maioria sabe fazer azimutes de precisão em terreno limpo e plano, em corrida ou marcha. No entanto, quando o problema se coloca em terreno irregular e com vegetação mais ou menos densa ou nos dias com nevoeiro, mais de metade diz ter dificuldades;

·         Mais de metade dos atletas têm dificuldades em avaliar distâncias com precisão em todo-o-terreno;

·       Quanto à penúltima questão, a grande maioria dos atletas diz nem sempre fazer o balanço da situação, ou não o fazer mesmo, quando começa a ter a sensação de que está a cometer erros;

·     Para a esmagadora maioria dos atletas, as balizas que não fazem parte da sua prova, não lhes causa qualquer perturbação quando se situam próximo das balizas do seu percurso.


Para os  “Veteranos” (H): 35, 40, 45, 50 :

A maioria das respostas são idênticas às dos escalões acima referidos, com as seguintes excepções:

·         De uma maneira geral estão mais calmos e menos concentrados no momento da partida;

·         A maioria não tem tanta confiança nos pontos de ataque que selecciona;

·         Apenas metade dos atletas diz aproveitar as porções de terreno de progressão mais fácil para ler o mapa e reflectir com antecipação sobre os problemas que lhes irão  ser colocados nos pontos seguintes;

·       De igual modo, apenas metade dos atletas diz focalizar a sua atenção na leitura do mapa, para poder ter uma imagem mental clara do elemento característico e do envolvimento onde está colocada a baliza e levanta a cabeça para poder ver o posto de controlo, depois de te passado pelos pontos de ataque;

·     Apenas metade dos atletas sabe fazer azimutes de precisão em terreno limpo e plano, a correr ou a marchar. No entanto, a grande maioria diz ter dificuldades quando o problema se coloca em terreno irregular e com vegetação mais ou menos densa ou nos dias com nevoeiro;

·      Para metade dos atletas, as balizas que não fazem parte do seu percurso e que se encontram próximo destas, ainda são factores de perturbação.

Hélder e Emanuel



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