quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ORIENTAÇÃO: A GESTÃO DA MENTE (II)



O PRIMEIRO PONTO É IMPORTANTE ?
O QUE FAZER PARA SER BEM SUCEDIDO ?

Costuma considerar-se que a abordagem com êxito ao 1º ponto de controlo é muito importante e que pode condicionar o resto da prova – chegar sem dificuldades ao 1º ponto “é meio caminho andado para ganhar a prova !” …

De facto, mesmo se nem sempre está entre os pontos mais difíceis, o 1º ponto de controlo possui características próprias que mais vale saber de cor e salteado para não sermos apanhados de surpresa – um orientista perdido a menos de 300 metros da partida arrisca não só a uma perda de tempo considerável, mas sobretudo a ficar com a moral “de rastos” … ao passo que o orientista que o encontra à primeira tentativa irá continuar com a confiança indispensável para o resto da prova.

Então, como se faz isso ?

Para todos os orientistas, seja qual for o seu nível de prática, os primeiros minutos de uma prova de Orientação devem corresponder sempre a um recomeço de um novo percurso, quer a última competição se tenha realizado na véspera ou tenha tido lugar há dois meses atrás. Devemos encarar a prova como uma actividade bem diferente das precedentes. Vai ser preciso “entrar no mapa”, isto é, lê-lo, compreendê-lo e interpretá-lo para estabelecer a sua relação com o terreno. Devemos rapidamente identificar-nos com a cartografia do mapa: Como está representada a vegetação ?  Podemos correr bem no branco ou é melhor ir pelos caminhos ? …

“Entrar no mapa” é igualmente habituarmo-nos à sua escala, à equidistância das curvas de nível – quem nunca fez no final de uma prova num mapa com escala 1:10.000, a seguinte reflexão: “Ainda mal tinha partido já estava em cima do ponto… Ainda hoje estou para saber como fui lá parar ! …”. Esta frase mostra que o orientista, talvez mais habituado à escala 1:15.000, foi surpreendido pela precisão da escala.

No início da prova, é igualmente necessário adaptarmo-nos à marcação do percurso. O 1º ponto tanto pode estar perto, a 200 metros, como longe, a 1,5 Km de distância. Pode igualmente ser muito simples ou, pelo contrário, ser complexo, oferecendo-nos múltiplas escolhas de itinerários.

Para favorecer uma boa gestão destes importantes primeiros minutos da prova, vai ser preciso facilitar o funcionamento dos automatismos técnicos do atleta – ver artigo anterior (preparação mental antes da partida).

O atleta deve aproveitar todos os momentos para se familiarizar com o mapa a partir do momento que tem contacto com ele: eventualmente na pré-partida e no trajecto para o triângulo (geralmente balizado e afastado da partida). Os orientistas que apenas dão uma olhada fugaz ao mapa quando se dirigem para o triângulo, reflectem falta de calma e de concentração … este trajecto deve também ser aproveitado para planificar o itinerário até ao primeiro ponto de controlo.

No momento que agarra no mapa, o orientista deve orientá-lo e escolher o ponto de ataque para o primeiro ponto e de seguida determinar o itinerário para chegar com segurança a este ponto de ataque – que pode não ser o trajecto mais rápido. Depois deve retomar com precisão o contacto com o terreno como se estivesse a fazer um exercício de seguir o itinerário.

Se o triângulo de partida se confundir com o levantar do mapa, o orientista só deve começar a correr depois de ter tomado o contactado com o terreno. A progressão deve ser rigorosa, sobretudo se a escala do mapa é inabitual para o atleta.

Apesar da frescura física, o início da prova deve ser o momento do percurso em que o ritmo de corrida é quase sempre o mais baixo – não forçar o ritmo no início da prova … abordar as primeiras subidas devagar … de maneira prudente – tanto mais prudente e cuidadosa quanto o terreno é desconhecido e inabitual para o atleta … há muito tempo para correr rápido. O atleta tem todo o interesse em fazer escolhas de itinerário simples, para assegurar com êxito os primeiros pontos de controlo, nomeadamente o primeiro, em vez de fazer atalhos que o façam perder tempo. As recomendações feitas para o 1º ponto são igualmente válidas para o 2º ponto …

Se, apesar de tudo, o atleta tiver problemas em abordar o 1º ponto, deve ter cuidados idênticos e redobrados no segundo ponto e seguir sem se desconcentrar.


REFERÊNCIAS:
·      Jean-Daniel Giroux, 2003;
·      EFSM Macolin, 1993.




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