quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CARACTERÍSTICAS DA ORIENTAÇÃO ( I )

  1. “A Orientação é um desporto que se caracteriza pelo facto da performance do atleta depender simultaneamente da sua habilidade em se orientar por meio de um mapa e de uma bússola e da sua capacidade em correr em todo-o-terreno. Estas duas competências técnicas e físicas são indissociáveis e mostram bem a dimensão específica do treino em Orientação” – FFCO, 2008.
  2. O objectivo da Orientação é – “procurar, no mais breve espaço de tempo, certos pontos marcados no mapa e situados, se possível, numa área desconhecida de todos os participantes”. Trata-se de “testar o sentido de orientação e as capacidades físicas dos concorrentes em todo-o-terreno, resultante de uma acção consciente, eficaz e rápida em terreno desconhecido. Os percursos são escolhidos de tal forma que não favoreçam nem os concorrentes fortes em corrida, nem os concorrentes fortes em orientação. Na dúvida, dever-se-á fazer sobretudo apelo ao sentido de orientação” – IOF (Regulamento de 1963).

Orientista: Corredor-Todo-o-Terreno
Em Orientação, o esforço característico é o contínuo, de longa duração, do tipo aeróbio.
No entanto, este esforço não é uniforme, devido às características irregulares do meio natural e da leitura do mapa e manipulação da bússola em corrida.
Esta especificidade tem repercussões quer a nível energético (láctico e aláctico) quer a nível biomecânico, quinestésico e neuromuscular – em especial do trem inferior e da cintura pélvica, zona particularmente sensível nos atletas de Orientação e principal estabilizador dos tornozelos, joelhos e bacia. Uma deficiência ou debilidade ao nível da cintura pélvica poderá provocar um desequilíbrio generalizado do corpo.
Todas estas características e dificuldades inerentes ao terreno, repercutem-se na atitude corporal durante a corrida do orientista, dando-lhe uma motricidade particular – ele deverá adaptar o mais rápido possível os seus movimentos ao terreno, que exige constantemente a superação de obstáculos sucessivos: subidas, descidas, solo mole/duro, solo pedregoso/alagadiço/pantanoso, terreno rochoso/coberto de floresta variada/com vegetação rasteira, terreno limpo/com obstáculos diversos, etc.
Estas reacções fazem-se pela via proprioceptiva/quinestésica, dado que o analisador óptico está ocupado a observar o meio envolvente, na leitura do mapa ou no manuseamento da bússola.
O orientista deve, pois, adquirir pelo treino, uma atitude corporal muito particular de corrida, para ser capaz de responder permanentemente a este estado de desequilíbrio, motivado quer pelas variações do terreno quer pelas variações das cargas do esforço (energético e mental).
Torna-se muito importante avaliar o estado de desenvolvimento neuromuscular do atleta jovem, verificar se apresenta queixas, identificando desde cedo os seus pontos fortes e fracos – no sentido de controlar, modificar e individualizar um programa regular de treino quer ao nível do reforço muscular generalizado do corpo quer ao nível da melhoria da agilidade e coordenação da corrida em todo-o-terreno.
Treinar a correr em terreno variado, lendo o mapa, é fundamental e prioritário para melhorar a performance do orientista – que deverá aprender a adaptar a sua técnica de corrida aos diferentes tipos de terreno – tornando a sua corrida mais eficaz quer a nível biomecânico quer a nível quinestésico/propriocetivo e adoptar uma atitude corporal que lhe permita evitar más posturas corporais que, a médio e longo prazo, possam degenerar irreversivelmente em lesões mais ou menos graves, perturbando o equilíbrio e harmonia do sistema ósteoarticular.

 

Orientista: “máquina” de fazer itinerários
A Orientação é uma actividade em que o praticante decide sozinho, isto é, o orientista é o único responsável pelas suas tomadas de decisão, assumindo e responsabilizando-se pelos seus êxitos e pelos seus erros e fracassos – aqui a “culpa” não é do árbitro …
“Orientação” é sobretudo a escolha de itinerários, através da leitura e interpretação do mapa e da relação deste com o terreno. Conceber, visualizar e gerir itinerários é uma das competências mais importantes do praticante de Orientação.
O orientista reconhece, analisa e compara diferentes itinerários entre os pontos de controlo, optando pelo que lhe oferece melhores condições de êxito em função das suas condições do momento – nível técnico e estado de concentração e fadiga (física e/ou mental).
Hélder e Emanuel




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