quinta-feira, 12 de abril de 2012

A ESCOLHA DOS ITINERÁRIOS (I)



Orientista = “máquina de fazer itinerários”

A Orientação é uma actividade em que o praticante decide sozinho, isto é, o orientista é o único responsável pelas suas tomadas de decisão (opções), assumindo e responsabilizando-se pelos seus êxitos e pelos seus erros e fracassos – aqui a “culpa” não é do árbitro …

“Orientação” é sobretudo a escolha de itinerários, através da leitura e interpretação do mapa e da relação deste com o terreno. Conceber, visualizar e gerir itinerários é uma das competências mais importantes do praticante de Orientação.

O orientista reconhece, analisa e compara diferentes itinerários entre os pontos de controlo, optando pelo que lhe oferece melhores condições de êxito em função das suas condições do momento – nível técnico e estado de concentração e fadiga (física e/ou mental).


Fazer o projecto do itinerário … porquê ?

Se o orientista sair de um ponto de controlo sem antes ter decidido o itinerário a seguir para o próximo ponto, terá com certeza de improvisar a cada instante, arriscando-se, seguramente, a complicar e a alongar o trajecto e a perder tempo.

 Para evitar atalhos inúteis, é preciso ter uma visão de conjunto do trajecto a seguir antes de agir, isto é, o orientista deve estabelecer um projecto de itinerário antes de deixar a baliza – neste momento deve já saber, globalmente, por onde vai passar para ir para o próximo ponto de controlo.

Este projecto de itinerário terá em conta diferentes parâmetros:

Evitar os obstáculos

O que fazer, se o orientista se deparar com obstáculos importantes no caminho – falésias, grandes desníveis, vegetação densa, rio … –  ?
·      Contorná-los
·     Atacá-los, servindo-se de um ponto de passagem referenciado no mapa: interrupção de falésia, passagem (colo), corredor de vegetação de cor mais clara, ponte …

Em 1º lugar importa que o orientista referencie previamente os obstáculos no mapa para evitar descobri-los de imprevisto à medida que progride no terreno.

Em 2º lugar deve ver se é possível contorná-los com rapidez – caso contrário, deve encontrar  uma opção (trajecto) que permita a sua transposição.

A leitura do mapa e a compreensão do relevo revelam-se por vezes operações delicadas: as passagens (colos), por exemplo, são muitas vezes difíceis de identificar no mapa para os principiantes – no entanto são excelentes pontos de referência no terreno e permitem atenuar os desníveis. 

Simplificar o problema

A Orientação é um verdadeiro jogo entre o traçador de percursos e o orientista. O traçador tenta colocar problemas. O orientista deve simplificá-los para poder deslocar-se o mais rapidamente possível.

Nesta perspectiva, o orientista deve construir o seu itinerário, selecionando apenas os elementos mais evidentes, simples de referenciar no terreno, para não sobrecarregar a mente (reflexão) e permitir uma corrida rápida.

Os corrimões (*)

Torna-se necessário de seguida referenciar os “corrimões” que estão globalmente alinhados no sentido da corrida: estradas, caminhos, linhas de água, limites de vegetação, alinhamentos de falésias, espigões, rupturas de encosta, taludes, reentrâncias … São estes os elementos mais preciosos que permitem avançar com segurança para o objectivo.

(*) Corrimão: elemento linear do terreno orientado na direcção do itinerário.

Os elementos característicos do terreno

São os elementos do terreno diferentes, que o orientista consegue referenciar geralmente com facilidade - conforme o relevo e a vegetação que os podem "mascarar - mesmo se eles são de dimensões reduzidas: pequeno bosque numa área aberta, clareira no meio de uma floresta, pequena colina isolada ...
O orientista deve pois, seleccionar os elementos do terreno mais visíveis e evidentes (sobretudo do relevo), que lhe permitam correr mais rápido e sem riscos de errar - deve procurá-los no horizonte o mais longe possível.


A Regra de Ouro da Orientação

Entre o conjunto de automatismos  que o orientista deve adquirir, podemos definir três principais, que constituem de alguma forma uma “Regra de Ouro” para se encontrar um posto de controlo:
·      Gastar o tempo que for necessário até identificar o problema colocado pelo traçador de percursos.
Antes de deixar o ponto de controlo, o orientista deve já ter escolhido – com mais ou menos precisão, conforme a complexidade do terreno e do traçado – o seu projecto de itinerário, em função do ponto de ataque do próximo ponto de controlo.
·     Antecipar – uma vez o ponto de ataque e o itinerário escolhidos, é graças a uma antecipação permanente, ao longo desse itinerário, que a deslocação poderá ser segura e rápida.
·   Ser rigoroso na aproximação (ataque) à baliza. O ponto de controlo deve ser encontrado de maneira segura e não fruto do acaso ou da sorte. É imperioso respeitar o ponto de ataque escolhido e passar realmente por ele. De seguida, o orientista deve deixar o ponto de ataque com uma imagem mental do terreno envolvente da baliza o mais clara possível. Enfim, é graças a um ritmo de corrida adaptado que permita a leitura do mapa com precisão, à utilização da bússola e à estimativa das distâncias se necessário, que a baliza será “descoberta”.


REFERÊNCIAS:
·      Jean-Daniel Giroux, 2003;
·      EFSM Macolin, 1993.

CONTINUA …



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