quarta-feira, 7 de março de 2012

A GESTÃO DA MENTE (IV)



COMO SE DAR CONTA QUE ESTAMOS A “PASTAR” ?
QUAIS OS REFLEXOS A DESENVOLVER ?

A primeira dificuldade, quando estamos a cometer um erro, é a de darmos conta disso. Para o conseguirmos é necessário desenvolve uma capacidade específica ligada à antecipação. A antecipação contribui para uma corrida mais fluida, aumenta a concentração, desenvolve a auto-confiança e permite também diminuir a frequência e a gravidade dos erros cometidos.

Quando o atleta compara o terreno que desfila perante os seus olhos, com as imagens mentais que antecipou e parece-lhe não haver correspondência – esta sensação é a maior parte das vezes mais inconsciente do que consciente – é preciso PARAR !! e fazer o ponto da situação …

A dificuldade consiste em pressentir o mais cedo possível essa sensação de que algo não bate certo – isto é, torná-la consciente o mais depressa possível. Por vezes são sinais muito ténues, que pouco a pouco se vão somando e dão o sinal de alerta.

Se neste domínio não existem soluções milagre, algumas técnicas podem no entanto praticar-se para progredir:
·      A análise técnica dos percursos
·      Os exercícios de memorização


Como reagir a um erro ?

Em Orientação, o erro resulta na maior parte das vezes da realização de um esforço muito violento, de uma técnica mal adaptada ou ainda da precipitação.

É preciso aprender a gerir com êxito as reacções às diversas situações passíveis de erro. Por exemplo: se acabarmos de cometer um erro, quer durante o itinerário quer na abordagem ao ponto de controlo, e já estivermos “resituados”, nunca devemos tentar recuperar o tempo perdido acelerando o andamento – é uma reacção de fuga prejudicial a uma boa execução técnica.

Pelo contrário, é necessário retomar a calma e diminuir o ritmo de corrida, que era já, seguramente, muito rápido para o nosso nível técnico. Recomecemos pela leitura e orientação correcta do mapa e retomemos a confiança do que estamos a fazer. Para reentrarmos no mapa e abrandarmos o ritmo de corrida, recomecemos por fazer a relação mapa-terreno com precisão, como se estivéssemos a fazer um exercício de seguir um itinerário.

Esta capacidade de reagir correctamente a seguir a cometermos um erro deve ser automatizada – porque a experiência mostra que as reacções naturais dos orientistas são, regra geral, o oposto do que se deveria fazer. A análise técnica dos percursos é também um meio assertivo para progredir.


Os principais erros que se podem cometer

A precipitação é uma das principais causas de erro. Inconscientemente ou com o pretexto de ganhar alguns segundos, ela está de facto na origem de pesadas perdas de tempo.

Frequentemente o principiante “perde” o tempo necessário para analisar com cuidado o problema posto pelo traçador de percursos e deixa o ponto de controlo sem ter definido quer o itinerário quer o ponto de ataque para a baliza seguinte.

Quanto menor é a distância entre os pontos de controlo, maior é a tentação de se precipitar – o orientista sai muitas vezes do ponto de controlo sem mesmo ter orientado o mapa.

Estas reacções são por vezes motivadas pelo facto de o atleta não querer mostrar aos adversários o local da baliza que descobriu. Esta atitude reflecte, de facto, falta de concentração – o orientista não está dentro da sua “bolha”, está mais preocupado com os outros do que com o que está a fazer.

Mudar a decisão durante a precipitação é uma outra causa de erro. Por exemplo: o orientista escolheu, por antecipação, um itinerário para ir para o ponto nº 5, quando estava no ponto nº 4 ou vários pontos antes. 
Durante o itinerário o atleta muda bruscamente de decisão, e decide seguir um outro trajecto. Esta decisão pode estar cheia de riscos. Quando mudamos de opinião, fazemo-lo geralmente sem gastar o tempo necessário para uma análise tão cuidada e precisa quanto o tempo gasto que guiou a nossa primeira escolha.

Outros atletas, após um erro, procuram recuperar o tempo perdido. Se estão no início da prova, fisicamente frescos, aceleram então o ritmo, e acontece … catástrofe. Nada mais incorrecto – a precipitação vai levar-nos a cometer outros erros em série.

Deixar de ler o mapa tem igualmente consequências negativas. Sobretudo no final do percurso. Com a fadiga, certos orientistas, em vez de abrandar o ritmo, acham que ler e orientar o mapa é um esforço desnecessário. À aproximação de uma baliza, deixam, por exemplo, o ponto de ataque à sorte, pensando que, mesmo assim, o encontrarão com facilidade.

É nestes momentos que é preciso ser forte e ultrapassar a tentação do “deixar-andar”.

Enfim, não ter em conta a realidade do percurso tal como está traçado no mapa, é uma outra causa de erro que surge igualmente com a fadiga. Inconscientemente, opta-se, numa subida, por uma linha menos íngreme, mas mais distante da baliza ... A descer, com medo de ultrapassar o ponto de controlo e ter que voltar a subir, procura-se a baliza numa zona mais acima ...

Mas, o mapa acaba sempre por impor a sua verdade e os minutos perdidos arruínam um pouco mais o nosso capital físico e psicológico …


REFERÊNCIAS:
·      Jean-Daniel Giroux, 2003.



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