domingo, 2 de setembro de 2012

CARACTERIZAÇÃO SUMÁRIA DA ORIENTAÇÃO




"Os orientistas são homens da solidão. No momento da partida,  ultrapassaram já a barreira da civilização.
Seguem pelo instinto e pela inteligência um caminho imaginário e têm por únicos companheiros
os seus violentos batimentos do coração, a sua feroz vontade de correr e o tic-tac de relógios
invisíveis. Respiram o ar balsâmico das florestas ao longo das estações.
À chegada, regressam ao seio dos seus semelhantes e precisam
de algum tempo para sair do seu isolamento. É então nesse
momento  que os podemos abordar de novo".


A Orientação é um desporto individual da família das actividades físicas de ar livre, praticado preferencialmente na natureza – é um desporto de competição ou lazer para todos, praticado no mais belo estádio do mundo, a floresta.
Originária dos países Escandinavos (meados do sec. XIX), este desporto centenário, tem demonstrado uma vitalidade e uma popularidade crescentes, respondendo às exigências e expectativas do homem moderno, sendo actualmente praticada por milhões de adeptos espalhados pelos cinco continentes. É um desporto onde o praticante escolhe o caminho a ser seguido, gerando deste modo, uma componente mental e lúdica capaz de atrair um grande número de praticantes de todas as idades.
Não só permite o contacto com a natureza, o equilíbrio entre o esforço físico e mental, como também estende o seu campo de acção ao lazer social, ao desporto de alta competição, ao desporto amador e ao desporto de formação no meio escolar.
É uma modalidade desportiva autónoma, com regulamentos específicos, tutelada a nível internacional pela IOF (International Orienteering Federation) e a nível nacional pela FPO (Federação Portuguesa de Orientação), conciliando as vertentes de competição, recreação e formação.
A Orientação existe sob a forma de múltiplas variantes (VER Quadro).

Na sua vertente recreativa, esta modalidade desportiva, de rápida aprendizagem, permite que cada indivíduo tenha o seu próprio ritmo de actividade. O praticante, sem preocupações competitivas, sem stress, pode tranquilamente executar o percurso, individualmente ou em grupo, saboreando a paisagem e o contacto directo com a natureza.

Na sua vertente formativa, faz parte dos programas curriculares de Educação Física e da Lista de modalidades com quadro competitivo nacional do Desporto Escolar do ensino Básico e Secundário.
É uma modalidade de grande valor pedagógico, permitindo, que através do desporto se descubra a natureza e se promova o respeito e a protecção do meio ambiente e a interligação com um infindável número de disciplinas e áreas do conhecimento - Matemática, Geografia, estudo do Meio Físico, Educação Física, etc.
Como actividade formativa permite ainda ao jovem o desenvolvimento (treino) de: iniciativa/tomadas de decisão e de risco, auto-confiança, auto-controlo, autonomia, espírito de observação e auto-responsabilização.
Nas últimas décadas temos assistido, um pouco por toda a Europa, onde esta modalidade desportiva tem alguma expressão, ao nascer das “escolas de Orientação” nos clubes da modalidade, com o objectivo de tentar trazer para a floresta os escalões mais jovens.

Como actividade de competição, com diferentes percursos adaptados às diferentes idades e sexos, exige do praticante: capacidade de raciocínio em esforço; rápidas tomadas de decisão e estabilidade psico-emocional; níveis de resistência comparáveis aos dos atletas de meio-fundo – resistência aeróbica e resistência anaeróbica láctica, necessitando constantemente do substrato anaeróbico devido ao terreno acidentado e necessidade de corridas em velocidade em certas situações.
Estudos realizados nos anos 80 do Sec. XX com atletas de elite sugerem o equilíbrio dos factores cognitivos e físicos como condição de sucesso para a competição nesta modalidade.
As provas de competição de Orientação caracterizam-se por:
·      Exigirem a todo o momento tomadas de decisões, que assentam em qualidades de percepção visual, análise, concentração e auto-controlo;
·      O terreno onde se desenvolvem, é bastante variado e acidentado – escarpas, areia, linhas de água, rochas, vegetação mais ou menos densa, etc. - o que faz dos praticantes de Orientação a este nível, “Corredores-Todo-o-Terreno”;
·      A dificuldade técnica da corrida, requer frequentes paragens (micro pausas), para consulta do mapa, utilização da bússola, tomadas de decisão, ...;
·      E situações de stress (contrariedade), tais como a correcção de erros, a distracção causada por outros competidores, etc.

Em todos os casos, é um “desporto com pés e cabeça”.





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