"Os orientistas são homens da solidão. No
momento da partida, ultrapassaram já a barreira da civilização.
Seguem pelo instinto e pela inteligência um
caminho imaginário e têm por únicos companheiros
os seus violentos batimentos do coração, a sua
feroz vontade de correr e o tic-tac de relógios
invisíveis. Respiram o ar balsâmico das florestas
ao longo das estações.
À chegada, regressam ao seio dos seus semelhantes
e precisam
de algum tempo para sair do seu isolamento. É
então nesse
momento que
os podemos abordar de novo".
A Orientação é um
desporto individual da família das
actividades físicas de ar livre,
praticado preferencialmente na natureza – é um desporto de competição ou lazer para todos, praticado no mais belo
estádio do mundo, a floresta.
Originária dos países Escandinavos (meados do sec.
XIX), este desporto centenário, tem demonstrado uma vitalidade e uma
popularidade crescentes, respondendo às exigências e expectativas do homem
moderno, sendo actualmente praticada por milhões de adeptos espalhados pelos
cinco continentes. É um desporto onde o praticante escolhe
o caminho a ser seguido, gerando deste modo, uma componente mental e lúdica
capaz de atrair um grande número de praticantes de todas as idades.
Não só permite o contacto com a natureza, o
equilíbrio entre o esforço físico e mental, como também estende o seu campo de
acção ao lazer social, ao desporto de alta competição, ao desporto amador e ao
desporto de formação no meio escolar.
É uma modalidade desportiva autónoma, com
regulamentos específicos, tutelada a nível internacional pela IOF (International
Orienteering Federation) e a nível nacional pela FPO (Federação
Portuguesa de Orientação), conciliando as vertentes de competição, recreação
e formação.
A Orientação existe sob a forma de múltiplas variantes (VER Quadro).
Na sua vertente recreativa, esta modalidade
desportiva, de rápida aprendizagem, permite que cada indivíduo tenha o seu
próprio ritmo de actividade. O praticante, sem preocupações competitivas, sem
stress, pode tranquilamente executar o percurso, individualmente ou em grupo,
saboreando a paisagem e o contacto directo com a natureza.
Na sua vertente formativa, faz parte dos
programas curriculares de Educação Física e da Lista de modalidades com quadro
competitivo nacional do Desporto Escolar do ensino Básico e Secundário.
É uma modalidade de grande valor pedagógico,
permitindo, que através do desporto se descubra a natureza e se promova o
respeito e a protecção do meio ambiente e a interligação com um infindável
número de disciplinas e áreas do conhecimento - Matemática, Geografia, estudo
do Meio Físico, Educação Física, etc.
Como actividade formativa permite ainda ao jovem o
desenvolvimento (treino) de: iniciativa/tomadas de decisão e de risco,
auto-confiança, auto-controlo, autonomia, espírito de observação e
auto-responsabilização.
Nas últimas décadas temos assistido, um pouco por toda a Europa,
onde esta modalidade desportiva tem alguma expressão, ao nascer das “escolas de
Orientação” nos clubes da modalidade, com o objectivo de tentar trazer para a
floresta os escalões mais jovens.
Como actividade de competição, com
diferentes percursos adaptados às diferentes idades e sexos, exige do
praticante: capacidade de raciocínio em esforço; rápidas tomadas de decisão e
estabilidade psico-emocional; níveis de resistência comparáveis aos dos atletas
de meio-fundo – resistência aeróbica e resistência anaeróbica láctica,
necessitando constantemente do substrato anaeróbico devido ao terreno
acidentado e necessidade de corridas em velocidade em certas situações.
Estudos realizados nos anos 80 do Sec. XX com
atletas de elite sugerem o equilíbrio dos factores cognitivos e físicos como
condição de sucesso para a competição nesta modalidade.
As provas de competição de Orientação
caracterizam-se por:
·
Exigirem a todo o
momento tomadas de decisões, que assentam em qualidades de percepção visual,
análise, concentração e auto-controlo;
·
O terreno onde se
desenvolvem, é bastante variado e acidentado – escarpas, areia, linhas de água,
rochas, vegetação mais ou menos densa, etc. - o que faz dos praticantes de
Orientação a este nível, “Corredores-Todo-o-Terreno”;
·
A dificuldade
técnica da corrida, requer frequentes paragens (micro pausas), para consulta do
mapa, utilização da bússola, tomadas de decisão, ...;
·
E situações de
stress (contrariedade), tais como a correcção de erros, a distracção causada
por outros competidores, etc.
Em todos os
casos, é um “desporto com pés e cabeça”.
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